Eu conheci a Ju na escola e não a suportava. Eu dizia aos quatro ventos que ela era isso e aquilo e que eu não queria saber daquela menina cheia de opinião ardida perto de mim.
O tempo passou, a idade me amadureceu e de repente me vi amiga da tal Ju.
Éramos três. Éramos inseparáveis. Éramos amigas da escola.
Por fim a faculdade chegou, nos afastou, nos deixou longe como nunca pensamos que poderíamos resistir.
Amigos, colegas, conhecidos e os projetos de melhores amigos chegaram e se foram. Construíram e destruíram castelos de companheirismo. Educaram e me ensinaram a ser digna, a ser mais e a ser quem eu quiser.
Enquanto isso ela vivia lá onde eu não conheço todas as histórias, fazendo sua vida, conhecendo olhares, pessoas e lugares. Fazendo tudo o que poderíamos viver juntas. A vida nos separou, nos levou por outros cursos.
Nós permanecemos por alguns anos cegas em busca do novo, do desconhecido e das aventuras que só se faz uma vez. Aquelas maluquices que são permitidas quando se é jovem, estudante e ainda não tem responsabilidades de gente grande.
Mais uma fase que se acaba e os caminhos se cruzam novamente. Pegadas que vão desenhando a estrada que a gente quiser. Preenchida por anseios comuns, pelo relacionamento mais puro que existe quando os corações se envolvem de ternura.
Eu tenho um grudinho em minha vida.
Tenho um grude pro que der e vier.
Tenho um chiclete pra ligar e desabafar do jeito que sair pela boca, sem eira nem beira, sem frescura.
Tenho uma pessoa pra ouvir, pra falar, pra discutir e depois aliviar!
Tenho uma cúmplice pros meus segredos enquanto cultivo os seus em caixas bordadas com silêncio e compreensão.
Tenho uma dupla pra cantar, pra embebedar o mundo com nossa alegria, pra desabar na tristeza nossa liberdade.
Tenho uma parceira pro mesmo problema, pra mesma solução.
Tenho uma louca pra gargalhar pela mesma historinha, pra rir até a barriga doer.
Tenho... eu tenho... ela tem...
Eu tenho uma amiga-grude e agradeço todos os dias!