Sufoco - Cara a cara com a Mona-enrolada!
Sim, sim, sim! Eu já tive o imenso prazer de visitar o museu do Louvre e o profundo quase desprazer em conhecer pessoalmente a Gioconda.
Deve ter sido aquele vidro que a cerca, os seguranças carrancudos ao seu lado ou talvez tanta gente e tanto flash o tempo todo mirando nela. O fato é que eu tive a desconfortável impressão de que a qualquer momento Monalisa ia explodir. Ploft! Aquele olhar confuso era, na verdade, desespero, um pedido de socorro para alguém tirá-la dali.
Qualquer um em seu lugar já teria cortado os pulsos, morrido de claustrofobia ou se revoltado. Triste pintura... é um ente encarceirado!
Mais em voga que celebridade em tablóide inglês, mais copiada que os modelitos da Victória Beckham, mais cobiçada que a Gisele Bunchen...La Joconda é assim, completamente sufocada.
Coitada!
Naquela desilusão de quem acaba de conhecer o paquera virtual, que ao invés de loiro e forte é baixinho e careca, dei um look 360 graus pela sala "dela", onde ninguém presta atenção em mais nada a não ser na carranca posuda que insiste em pagar de santa.
De repente, algo me chama atenção. Estou paralisada. A dimensão daquela pintura poderia dizer tudo, embora não diga nada, perto de tamanha vivacidade impressa em uma tela.
E que tela! Uma parede inteira, sei lá uns 5 por 5 (metros!), uma imensidão barulhenta onde tudo se movimenta.
Uma festa, talvez a festa do ano. Os jardins de um palácio? O que estarão comemorando? Sinto cheiro de churrasco! Deve ser o cervo no rolete ou quem sabe o pato assando.
Enquanto as crianças brincam, correm, derrubam, as mulheres conversam comportadas, com suas caras e bocas de socialites da década de 1(quando não existia botox)! Fofocam, certeza. Olham de rabo de olho o vestido da outra, dão bronca nos filhos, flertam acanhadas.
Os homens falam alto, tiram as menos comportadas para dançar e em suas vestimentas rebuscadas, exibem a nobreza evidente.
O tilintar dos brindes, os risos a ecoar. Casais bailando alegres. O murmurinho das conversas, os serviçais a trabalhar. Pratos batendo, talheres caindo. Um cachorro que olha, pedindo!
A banda...a música! Ahhh, a música, será que só eu estou ouvindo? Aquelas músicas de filmes de época, animadas e meio estridentes onde os instrumentos principais são os avós da Gaita de Foles e os antepaçados do Cavaquinho. Um banquete incrível, um dia sensacional. Uma festa daquelas pra Babette nenhuma botar defeito.
(se uma bruxa má me transformasse em pintura, era nesse quadro que eu ia querer morar)
No meio de toda essa agitação...tudo se mexe e a Monalisa...não!
Tá ali ó...parada. Olhando pro tudo e pro nada. Vai implodir a coitada. Seus tons escuros, sombrios, chegam a dar dó diante de tal colorido e brilho daquele quadro vizinho.
Chego a sentir pena da pobre poderosa. Ainda ouvindo a euforia do evento, rolando em plena obra de arte, vou me afastando dali, rumo a próxima sala.
Paro uma última vez em frente a Mona...tão lisa! Antes fosse mais enrolada.
Saio sentindo um aperto, quando ela me fita e confessa, sempre olhando desconfiada:
- Quando as portas se fecham e as luzes se apagam, eu saio daqui de fininho, corro pras Bodas de Canaã* e me acabo no vinho!
A-ha! Agora eu entendi tudo, a cara de mal humorada, o olhar perdido, o semblante meio blasé...ressaca! Ufa, que alívio saber...
Só podia ser cria do Léo!
SAT NAM ;)
*Bodas de Canaã é o nome da incrível Obra de vida que afastou meus olhares da Monalisa e remeteu-me á um universo tão vivo, que me inspira a viver com Arte!
Um comentário:
Nossa, que história loka. Você escreve muito bem, me senti no Louvre agora, hehe! Bem, já que passei por aqui e vc pediu, aqui está meu blog pra vc ler as baboseiras que eu escrevo. Aff! http://bybiner.ueuo.com/ Aliás, eu também sou Gerotto, será que essa Tati é minha prima? Hauahau sei lah.. mas boa semana pra vcs ^^
By(e) Biner
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