sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Saia de andarilha

Pai: tomei uma decisão. Deve ser a milésima que tomo nos últimos trinta dias, mas é a primeira de hoje. E olha que ainda são 10:30 e a minha cabeça quer explodir por conta da vodka barata da rave. Pai, acho que vou prá Londres, acho não, vou mesmo, mas sabe como é, tem a passagem, uma grana até eu arrumar um trabalho...

E a partir de então eu vesti uma saia da qual nunca mais me livrei e, quiçá, nunca mais me livrarei. A saia da andarilha, vestimenta dos cidadãos do mundo, gente que faz voto de liberdade, nunca mais prende-se a nada, nem a ninguém. Caminha, conhece, observe, absorve. Viaja. Como se viajar fosse mesmo ideologia de vida. E é. Viajar pra dentro, pra fora, pro outro, pra qualquer idéia, a qualquer preço, a toda custa. Chegar, fincar o pé sabendo que a areia é fofa e jajá o desejo muda a rota.
Não sei se o olhar cansa da paisagem, ou se a paisagem é que cansa do olhar. Só sei que o nó aperta, é hora de zarpar. "Mar doce lar". Uma vez mais vou me jogar.
"Outra língua, outra moeda, outra cultura...vida dura, mas eu sou dura na queda". O Gabriel (Pensador) tem essa música aí.
Será que o lar do passarinho é o ninho, ou é o ar?
Não sei. Assim como não sei mais quando estou indo ou quando estou vindo. E sigo. Queimei as pontes, não existe parar.
O frio na barriga é vício, os perrengues tornam-se histórias. Sofro de saudade crônica. Meu coração não se aquieta nunca. E tenho taaaaanta coisa pra contar!
Mas lá não é melhor do que aqui e aqui não é melhor do que lá.
Cada pedaço meu que há no mundo, cada lasca do mundo que há em mim, é um pouco do tudo que me faz assim: inteira repartida.

E vamos sempre por aí, eu e minha saia de andarilha, feita de lembranças: retalhos de rostos, momentos, lugares; costurados com coragem, ousadia e inquietação. Seu pano é leve e esvoaçante, suas cores eu não sei os nomes, mas a sensação de vesti-la é, na verdade, a sensação de ser ilimitada; do respiro profundo, da alma entregue. Escancarada!
Ser viajante é ser um pouco atriz, um pouco mágica. Um tanto tartaruga. Botar a vida na mala, fazer caber em outra vista. complexo de Mary-Poppings.

Escrevo escavando meu coração na busca das palavras e entrelinhas que revelem esta que é minha ideologia, minha dúvida, minha alegria. A de sair por aí desfilando minha saia de andarilha.

Vem amiga, que a volta é outra ida. A vinda é mais que boa e vc: seja bem vinda!!!!!!!

"viver é bom, nas curvas da estrada...solidão? Que nada! Viver é bom, partida e chegada...solidão? que nada"

...é o processo camaleônico do ser: adaptar-se onde quiser e, assim, poder escolher!

SAT NAM ;)

Um comentário:

nathália vitachi disse...

anda que anda!
vai andarilha q o mundo é seu!!!